MELHORES DO PROVÃO
Entre 26 cursos avaliados no Exame Nacional de Cursos, o Provão, a UNESP é referência em 18, sendo a primeira colocada em três deles: Farmácia-Bioquímica, em Araraquara; Geografia, em Rio Claro; e Letras, em São José do Rio Preto. O excelente resultado provém da alta qualificação do corpo docente, do investimento em infra-estrutura e da interação produtiva entre professores e alunos no ensino, na pesquisa e na extensão.
Em sua edição de 31 de março de 2004, a revista Veja publicou matéria especial, de nove páginas, na qual destacou os dez melhores cursos superiores do País, em 26 carreiras. De acordo com a publicação, a classificação levou em consideração o desempenho dos alunos no Exame
Nacional de Cursos, o Provão, realizado pelo Ministério da Educação (MEC). Na maioria dos cursos avaliados, a UNESP – apesar das dificuldades que o ensino superior público atravessa em função do grande número de aposentadorias, devido à nova Lei da Previdência, e à queda de arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no Estado de São Paulo, fonte principal de recursos das universidades públicas paulistas – permanece como referência nacional.
A Universidade obteve 18 classificações entre as dez primeiras colocadas no País (veja quadro). Três cursos estão no topo da lista. São os de Farmácia-Bioquímica, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF), campus de Araraquara; de Geografia, do Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE), campus de Rio Claro; e Letras, do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce), campus de São José do Rio Preto.
Em todos eles, foram realizados, desde 2001, investimentos estruturais importantes para a consolidação dos cursos. “Nosso objetivo é manter o nosso ensino de qualidade. Para isso, contamos, somente para os cursos de graduação, entre outros investimentos, com o Programa de Laboratórios Didáticos, que investe, desde 2001, R$ 3 milhões anuais, totalizando R$ 12 milhões até o final de 2004”, afirma o reitor da UNESP, José Carlos Souza Trindade.
No curso de Farmácia-Bioquímica, a coordenação tem se empenhado para dar aos alunos uma formação ampla. “Nosso diferencial está na estrutura curricular, que vem acompanhando a evolução da carreira”, diz o coordenador do curso, Valdir Augusto Neves. Foram investidos pela Reitoria, de 2001 a 2003, R$ 4,2 milhões na FCF, com a realização, entre outras obras, da reforma de laboratórios didáticos e do Departamento de Alimentos e Nutrição. Ele lembra que, além do aprendizado de farmácia, eixo do curso, os universitários ainda têm à disposição as habilitações em Fármacos e Medicamentos, Análises Clínicas e Toxicologia e Alimentos. “Poucos cursos no País têm dinâmica curricular semelhante”, completa.
Segundo o lingüista Sebastião Carlos Leite Gonçalves, coordenador do curso de graduação em Letras do Ibilce, de São José do Rio Preto, o primeiro lugar obtido pelo curso aponta que tem valido a pena o esforço da Universidade em modificar constantemente a sua estrutura curricular e investir na infra-estrutura, como a recente construção do laboratório de línguas. Como um todo, o Ibilce recebeu investimentos da ordem de R$ 3,5 milhões. “Temos a preocupação constante de articular a teoria com a prática em todas as disciplinas”, diz.
A carreira de Geografia, oferecida pelo IGCE, também obteve a primeira colocação. A geógrafa e coordenadora do curso de graduação Silvia Aparecida Guarnieri Ortigoza explica que a boa pontuação do curso deve-se, em parte, à constante troca de experiência entre professores e alunos, fora das salas de aula e dos laboratórios. “Os estudantes são estimulados e realizar trabalhos de campo, excursões e eventos científicos”, comenta Silvia.
Entre 2001 e 2003, o IGCE recebeu da Reitoria investimentos da ordem de R$ 4,2 milhões e, em 2002, a unidade foi beneficiada com uma nova central de salas de aula e com a reforma do Laboratório de Geotécnica. “Fomos o primeiro curso brasileiro a trabalhar com fotografias aéreas, imagens de satélites e fotointerpretação, com o
desenvolvimento da climatologia dinâmica e da biogeografia”, finaliza a coordenadora.
MEDICINA VETERINÁRIA
Três cursos entre os cinco primeiros
Os três cursos de Medicina Veterinária oferecidos pela UNESP aparecem na classificação da revista Veja muito bem colocados. Os dos campi de Araçatuba, Jaboticabal e Botucatu estão, respectivamente, em segundo, terceiro e quarto lugares. “Enquanto na maioria dos cursos brasileiros o estágio curricular obrigatório é de, no máximo, seis meses, nossos estudantes praticam durante um ano letivo”, esclarece o coordenador do curso de graduação em Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ), campus de Botucatu, o professor Roberto Calderon Gonçalves.
Os alunos vão para as clínicas já no quarto ano. Têm aulas teóricas pela manhã e, à tarde, são divididos em pequenos grupos para aproveitarem bem os laboratórios. Desde 2001, a FMVZ recebeu investimentos da ordem de R$ 1,6 milhão. “Eles incluem a construção de laboratórios didáticos e a reforma da infra-estrutura hidráulica, elétrica e da rede de lógica”, afirma Gonçalves.
Na avaliação do médico veterinário Gilson Hélio Toniollo, coordenador do curso de Medicina Veterinária oferecido pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV), campus de Jaboticabal, os laboratórios atualizados e a titulação dos docentes foram os principais responsáveis pelo bom resultado do curso. Nos três últimos anos, a Reitoria investiu, nessa unidade, aproximadamente R$ 6 milhões, com a construção do Departamento de Fisiologia Animal, do galpão de perdizes e a reforma e ampliação do centro cirúrgico.
Após três conceitos C e um B, o curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Odontologia (FO), campus de Araçatuba, passou por um trabalho intenso de conscientização de alunos e de professores. Esse processo, somado a investimentos estruturais que totalizaram R$ 5,2 milhões de 2001 a 2003, como a reforma de laboratórios didáticos de graduação e de departamentos, e a construção de laboratórios de pesquisa e de uma central de salas de aula, levou o curso a ser hoje referência nacional.
CURSOS DE REFERÊNCIA
Qualidade é prioridade
Dentre os quatro cursos de Agronomia que a UNESP oferece, três estão entre os dez melhores do País (a Unidade Diferenciada de Registro, por ter sido criada em 2003, não passou ainda por nenhum exame de avaliação). A Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA), campus de Botucatu, ficou na quinta colocação, seguida da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV), de Jaboticabal, em sétimo lugar e do curso da Faculdade de Engenharia (FE), campus de Ilha Solteira, em oitavo.
Na FCA, de Botucatu, foram realizados investimentos, nos últimos três anos, de R$ 4,8 milhões. Para Claudio Cavariani, coordenador do curso de Agronomia, a escola fornece, graças a esse aporte, excelentes condições físicas, com seus laboratórios e fazendas. “Isso favorece a formação profissional e crítica do aluno”, comenta.
Nas quatro edições do Provão, apenas quatro cursos de Agronomia conquistaram a nota máxima, e o da FCAV – onde houve de 2001 a 2003 um investimento da Reitoria de R$ 6 milhões – foi um deles. “Nossos docentes mostram aos alunos a importância de sempre obterem o melhor desempenho possível”, afirma o coordenador do curso Newton La Scala Jr.
Oferecido no campus de Ilha Solteira, que recebeu, desde 2001, R$ 4,4 milhões, parte deles investido numa central de salas de aula, o curso de Agronomia também é referência nacional. “Nosso método de ensino faz os alunos se interessarem pela pesquisa”, diz o agrônomo Ricardo Antonio Ferreira Rodrigues, coordenador do curso. “Uma prova é que o estudante Aguinaldo José Freitas Leal obteve a maior nota no Provão entre os graduandos de agronomia de todo o País.”
Na área de biológicas, o curso de Ciências Biológicas do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce), campus de São José do Rio Preto, ficou em nono lugar. O diferencial deste curso são as pesquisas em biotecnologia. “Nosso ponto forte são as atividades extraclasse. Quase 80% dos estudantes fazem estágio e 50% têm algum tipo de bolsa, o que os estimula a estudar. Caso contrário, perdem o benefício”, afirma a coordenadora Eleni Gomes.
Ainda na área de Biológicas, o curso de Enfermagem, da Faculdade de Medicina, campus de Botucatu, ficou na sétima colocação. “O aluno primeiro colocado no Brasil da Enfermagem, em 2002, foi nossa aluna Luciana Yoshie Tome”, informa a coordenadora Silvia Cristina Mangini Bocchi.
Outro curso bem colocado na área, o de Odontologia da Faculdade de Odontologia (FO), campus de São José dos Campos, obteve o sexto lugar entre todos os cursos do Brasil. A Faculdade recebeu, nos últimos três anos, R$ 3,8 milhões, parte deles aplicados em salas de aula e laboratórios didáticos. “Além da dedicação e qualificação dos docentes que caracteriza a UNESP como um todo, o nosso diferencial está na infra-estrutura, no empenho dos alunos e no processo de conscientização deles da importância do Provão”, afirma o diretor Paulo Villela Santos Jr.
O campus da Faculdade de Direito, História e Serviço Social (FDHSS) da UNESP de Franca, que recebeu R$1,5 milhão de investimentos da Reitoria nos últimos três anos, com obras importantes como laboratórios didáticos e a construção de moradias estudantis, colocou dois cursos entre os dez melhores da carreira. São os de História, na sétima colocação, e o de Direito, na décima colocação. “Temos boa estrutura, tradição de mais de 40 anos e uma elevada procura, o que aumenta o padrão dos alunos ano a ano”, informa o vice-coordenador do curso de História Jean Marcel Carvalho França.
O curso de Direito da UNESP tem a tradição de ser, e de fato é, um dos que mais aprova no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). “Ele proporciona boa formação teórica e prática, inclusive com convênios com entidades de classe e particulares para os estágios dos alunos”, avalia o diretor Hélio Borghi.
Os cursos da área de Exatas da UNESP também obtiveram destaque. A Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia, campus de Bauru, ficou em nono lugar. O investimento nos últimos três anos foi de aproximadamente R$ 2 milhões em melhorias de salas de aula e laboratórios. “Nosso aluno Rodrigo Petroni obteve a maior nota no Estado de São Paulo”, informa o coordenador do curso, Ademar da Silva Lobo. “Isso se deve à qualidade, responsabilidade e motivação de nosso corpo docente e à nossa infra-estrutura.”
Já o curso de Engenharia Elétrica, campus de Ilha Solteira é o décimo. “Possuímos excelentes laboratórios de ensino e biblioteca”, ressalta o coordenador do curso, Jozué Vieira Filho. “A ênfase no desenvolvimento de atividades de iniciação científica, baseada na competência e na interação entre professores e alunos, também são pontos positivos.”
Outro destaque é o curso de Matemática, oferecido pelo Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE), campus de Rio Claro. “Destaco o trabalho integrado para melhorar o ensino e diminuir a evasão no primeiro ano e a visita a centros de pós-graduação como forma de incentivo aos alunos”, afirma Suzinei Marconato, coordenadora do curso.
O curso de Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT), campus de Presidente Prudente, também foi considerado de referência, ficando em sétimo lugar. “A articulação entre a graduação e a pós, e a existência de bons laboratórios possibilita o envolvimento dos alunos em grupos de pesquisa desde o início do curso”, avalia o coordenador Antonio César Leal.
Genira Chagas
MAIS INVESTIMENTOS
Botucatu e Itapeva recebem laboratórios
O Instituto de Biociências (IB) da UNESP, campus de Botucatu, e a Unidade Diferenciada de Itapeva receberam, em cerimônias que tiveram a presença do reitor José Carlos Souza Trindade, novos investimentos em abril último. Dia 30, o reitor entregou novos prédios do Pólo Computacional, do Departamento de Bioestatística e do Laboratório de Biologia e Genética de Peixes do IB. Os locais vão beneficiar alunos do Instituto e também de outros cursos oferecidos pela UNESP nos campi de Rubião Junior e Lajeado. “Cerca de mil alunos, que realizam os cursos básicos no IB, serão beneficiados”, afirmou o reitor. O custo das obras, de cerca de 1.700 m2, foi de R$ 941 mil, investimento da Reitoria e de agências financiadoras de pesquisa como a Fapesp e o CNPq.
Na Unidade Diferenciada de Itapeva, dia 26, foi inaugurado o Laboratório de Química da Unidade, onde é oferecido o curso de Engenharia Industrial Madeireira. Necessário para o uso de pesquisas científicas e análises de materiais, o local tem 90 m2 e apresenta instalações especiais.
Julio Zanella e Maristela Garmes