Como bem definiu um amigo do Tutty Vasques, novela do Manoel Carlos é sempre igual: as mulheres são umas loucas, e os homens, uns bananas; menos o José Mayer, que come todas. Mas “Páginas da vida” é um pouco mais igual que as outras. Ou seja, suas personagens são ainda mais doidas (mas o José Mayer continua o mesmo).
A novela tem o maior número de mulheres problemáticas por metro quadrado da história da TV brasileira. O recorde anterior pertencia ao próprio Manoel Carlos em “Mulheres apaixonadas”, que tinha as saudosas “Heloquisa” (Giulia Gam) e Doris (Regiane Alves).
Em “Páginas da vida”, tem tanta mulher maluca que o autor precisa promover um revezamento. Algum tempo atrás, a louca da semana era a Marta (Lilia Cabral). Agora é a Sandra (Danielle Winits). Daqui a pouco, como já sabemos, será a Olivia (Ana Paula Arósio). Nesse ritmo, o Pinel vai ter que abrir uma galeria nova só para abrigar as personagens da novela.
Doida é modo de falar. Não existe nenhuma psicopata, nenhuma vilã clássica em “Páginas da vida”. Elas estão apenas descontroladas, como na letra do funk. Ou à beira de um ataque de nervos, como diria Pedro Almodóvar.
Mas, se “Páginas da vida” é mesmo realista, como garante Manoel Carlos, sua visão sobre o universo feminino só pode ser definida como machista. Muitas de suas mulheres estão desequilibradas por causa dos homens - ou da falta deles.
A novela bem que poderia ser rebatizada como “A casa das sete malucas”. O problema é que elas são mais de sete, como você poderá ver na galeria abaixo com um pequeno perfil das doidas da novela.
Sandra (Danielle Winnits) - é a louca marxista; para ela, tudo é culpa da luta de classes. Sandra não para de chorar há uns 17 capítulos porque seu patrão Jorge (Thiago Lacerda) insiste em rechaçá-la; segundo ela, por ser filha da empregada. Talvez seja um personagem inédito em novelas: a gostosa mal comida (a novela já escalou José Mayer para resolver o problema).
Carmem (Natália do Valle) – espécie de ninfomaníaca monogâmica, ela não desgruda do marido e não deixa nenhuma mulher chegar perto. Nem casando com Carmem, José Mayer conseguiu resolver o assunto.
Helena (Regina Duarte) – seu problema é ser boa demais; uma semana depois de ser trocada por Carmem, ela já batia papo com a concorrente numa boa. Taí a prova de que a novela não é realista: isso nunca aconteceria na vida real. Além disso, Helena tem um estranho tique nervoso: ela sempre tomba a cabeça para o lado quando fala, como se estivesse com um torcicolo. Talvez a culpa seja do José Mayer.
Olívia (Ana Paula Arósio) - outra com tique esquisito: termina toda frase com uma risada grave e artificial, mesmo que a situação não tenha a mínima graça. Ela se apresenta como uma mulher moderna, mas não sabe nem fazer um “4” para provar que está sóbria.
Marta (Lilia Cabral) - mulher passivo-agressiva, com complexo de perseguição, Marta acha que o mundo está sempre contra ela. Ela poderia abandonar seu marido, mas quem ela iria espezinhar nesse caso? Como José Mayer não se manifestou, arranjaram um substituto: Gonzaga (Mario Cardoso).
Verônica (Silvia Salgado) - mentirosa compulsiva, diz para Gonzaga que sua irmã Marta está separada, para tentar se livrar do cunhado banana.
Anna (Deborah Evelyn) - frustrada na vida profissional e amorosa, ela descarrega sua ansiedade na filha, que desenvolve bulimia por sua causa.
Isabel (Vivianne Pasmanter) - caso clássico de auto-estima em frangalhos: apaixona-se pelo homem que a humilha e não se interessa por aquele que a mima.
Irmã Maria (Marly Bueno) - ao mesmo tempo repressora e reprimida.
Tonia (Sônia Braga) - ela é uma artista bonita, talentosa e de sucesso. Mas faz tai chi chuan no meio de uma pista de dança. Esquisito. A mensagem é clara: desconfie também das bem-resolvidas.
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